quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Música Morreu

Dia 6 de setembro do ano de 2007 foi marcado por mais uma perda no mundo da música, o tenor italiano Luciano Pavarotti com seus 71 anos, bem vividos e trabalhados, de vida. A notícia da morte de uma das mais belas vozes conseguiu abalar o mundo, até mesmo arrancar um pronunciamento do Papa Bento XVI, o qual disse que Pavarotti honrou o dom divino da música. A voz do tenor costuma(va) a emocionar pessoas pelo mundo em suas apresentações, neste dia emocionou o mundo novamente, porém, com seu silêncio, mas um silêncio que não permanecerá; a música tem o dom de dar vida e permanecer na eternidade.

Notamos que com o passar dos anos o mundo da música vêm sofrendo grandes, e significativas, perdas; personagens que marcaram a história da música. Perdas como: Elvis “O Rei” Presley, Freddie Mercury, Jimi Hendrix, Johnny Cash, John Lennon, Sid Vicious, Bob Marley, Chuck Schuldiner, Janis Joplin, entre muitos outros. Observe que muitos deles nunca foram esquecidos e, talvez, jamais sejam; um trabalho obrigatório para a geração atual seria de manter vivas todas as lendas da música, para que nossos filhos e filhos de nossos filhos possam escutar a boa música e não deixar que morra. Uma observação: até mesmo os próprios músicos podem matar outros, como no caso de David Bowie que matou Ziggy Stardust, personagem espacial criado por Bowie no começo de sua carreira e que, após um tempo, ele mesmo o matou em uma última apresentação avisando a todos no meio de seu show.

É incrível como nos dias de hoje poucos trabalhos na música conseguem passar algo às pessoas, criatividade e letras interessantes, até mesmo profundas, estão em extinção. A boa música está com um dos pés na cova, o corvo se aproxima na tentativa de levá-la, escuta-se ao longe a marcha fúnebre, aos poucos elevando seu volume, mostrando que a hora está para chegar; Poe diria: "É o vento, e nada mais”.

Como dizem muitos: a esperança é a última que morre, no caso, Keith Richards, Stevie Wonder e Iggy Pop seriam uma esperança? Elvis voltaria de seu planeta para nos ajudar? Os músicos antigos, ainda vivos, ajudariam na salvação auditiva mundial ou passariam despercebidos? Os músicos já mortos teriam morrido devido ao espanto do rumo da música? Analisando toda a cena atual percebemos que poucos são os salvadores da música, alguns estão se mantendo e outros surgindo, esperemos que a cada dia apareçam mais e mais salvadores na tentativa de, pelo menos, ajudarem a minoria do planeta que ainda aprecia a boa música; não que as músicas de massa sejam totalmente desprezíveis.

Ando pela rua e percebo que nada é como antes, logicamente. Não se sabe ao certo o que falta, mas percebe-se um vazio. Faço meu trabalho: acrescento ao meu mundo a música que completa, pelo menos para mim, o dia-a-dia, os fones vão aos ouvidos e tudo se abafa; os melhores amigos acabam sendo os músicos que ali estão. Os filmes conseguem retratar até que muito bem tal “realidade”, um exemplo: o belo clichê de final de filme, onde alguns personagens se encontram no carro, viajando (como queira entender), pensativos e ao fundo uma música rolando; mostrando bem a situação de toda a equipe.

Interessante como a música pode criar mundos, não somente mundos dentro dela com suas vertentes: rock, heavy metal, clássica, mpb, blues, entre outros. Os mundos podem ser criados também dentro de cada pessoa, a música tem esse poder de tirar de um local material e levar a outros inexplicáveis e inimagináveis. Ela tem o dom de arrepiar, trazer memórias, esquecer problemas e até mesmo resolvê-los; a grande cura.

Pode-se fazer música com tudo, mas não são todos que a podem fazer; ela é indomável e não abraça a todos. Tenho a idéia que não é você que encontra a música, ela que o encontra e o escolhe, e a partir disso começa entendê-la e viver dela. Alimentação a base de música, isso não ocorre em muitos nos dias atuais, acreditam que se pode vender música, um erro grave. Viver dela e para ela seria o lema ideal; a paixão. Falta a paixão pela música, coisa que existia nos antigos ídolos e que permanece nos que ainda dão o ar de sua graça.

A vida da música depende exatamente de sua paixão, tanto para ser feita, como para ser transmitida as multidões ou aos poucos.

(Texto produzido no segundo semestre de 2007, primeiro ano de faculdade)

Nenhum comentário: