quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sempre Alerta

O texto “Sempre Alerta” de Jorge Cláudio Ribeiro comenta e define sobre as condições e contradições do trabalho jornalístico, o dia-a-dia de jornais, os meios de aumentar a produtividade, tensões e também sobre a vida do jornalista. Ribeiro tenta mostrar a dificuldade de ser um jornalista e também chama atenção para os modos que a indústria da imprensa utiliza para o maior rendimento.

Nos jornais existem os jogos de poderes e suas várias formas. Na identidade de um jornal um dos elementos característicos é o poder exercido sobre os jornalistas, sendo que está nas mãos do empresário a maior parcela de poder. Donos de jornais com seu poder manipulam diretamente os jornalistas, a exemplo de Assis Chateaubriand com seu subordinado Samuel Wainer que Jorge cita em seu texto.

Ribeiro comenta outra forma de aliciamento, que é o de promessas. Redações criam seus próprios modelos de grandes jornalistas que não possuem grandes idéias e a maior parte de seus textos, opiniões e atitudes, são copiados. Jovens jornalistas dessa forma tentam garantir seu espaço deixando seu nome na assinatura do jornal, para ganhar visibilidade. Com tal sistema de estímulo e pressão, os jornalistas acabam a cada dia disputando entre si o reconhecimento de seu chefe e a busca de pautas mais promissoras.

Outro modo da empresa conseguir que o jornalista acompanhe o ritmo, as exigências e métodos de produção, é por meio da coerção. Jorge comenta que com ela se articula disciplina, anonimato, tensão produtiva e sensações. O chefe tem o dever de tomar as decisões, definir o que será usado e o que será eliminado. O trabalho mental reprimido na oficina faz com que o trabalhador perca o poder de interferência sobe o processo de produção, e o poder de planejamento e decisão ficará nas mãos da gerência, lembrando muito o modo taylorista de produção. Assim, o jornalista chega a perder certos direitos e ficar no anonimato, sendo mais identificado por seus erros que por sua assinatura nas matérias.

Neste sistema, com a saída do patrão que alimentava o superego do funcionário, entra em cena o administrador, acabando o diálogo direto com a direção. Raul Drewnick relata: “O patrão dá razão ao nosso pedido, mas diz que não se pode mudar mais, pois tem um compromisso com a administração. Agora os demitidos não têm o recurso de falar com o patrão, como antes, quando conseguíamos reverter. Com esse esquema, o patrão se livra do desgaste pessoal de ter de demitir gente que ele conhece”.

No jornalismo a tensão está em todos os lugares, das tarefas mais simples até nos comentários de colegas, sendo um dos meios de extrair produtividade do trabalhador. O fechamento da edição, em que se passa o material da redação para as oficinas, é a hora mais tensa. O Manual da Folha comenta o fechamento como: “É a conclusão do trabalho de edição. Quem fecha, precisa ter uma visão de conjunto da edição e de suas etapas, desde a produção. [...] Quem fecha, tem que se dispor a reabrir o que já está fechado, sempre que um imprevisto relevante assim o exigir. Cada atraso no fechamento resulta em perdas de circulação”. O jornalista é um ser que não pára, deve estar, como diz o título de Ribeiro, sempre alerta e preparado para todas as situações com ritmo de vida de uma pessoa que escolheu uma das profissões mais importantes. Outra forma de produzir tensão é sonegar estímulo, os chefes, sempre que possível, irão dar um jeito de criticar o melhor texto, somente para mostrar ao jornalista que ele não está com toda essa bola. A rotatividade também é um dos principais geradores de tensão, por exigir adaptação a novas situações dentro de curtos períodos de tempo. Cláudio Abramo afirma: “Donos de jornal não gostam de gente forte na redação; ficou forte, eles eliminam”.

Entregando-se por completo à atividade, o jornalista acaba imitando modelos e estilos de textos de outros, esquecendo a própria opinião. Nem sempre o jornalista mais dedicado será o melhor ou o mais requisitado, nessa profissão tentar ser o melhor e o mais competente, sem perder a humildade, é um dos meios de sucesso e reconhecimento no trabalho e na vida, tentando não se abater com as críticas.

(Texto produzido no primeiro semestre de 2007, primeiro ano de faculdade)

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