quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Bob Dylan - Together Through Life


Três anos depois do lançamento de Modern Times, seu último álbum de inéditas, Bob Dylan reaparece soando mais cru que o de costume. No entanto, Together Through Life, seu trigésimo terceiro trabalho solo, levou o avô do folk ao primeiro lugar das paradas nos EUA e Inglaterra depois de 39 anos.

Nas lojas desde meados de maio, o CD foi inspirado pela faixa Life is Hard, encomendada a Dylan pelo diretor de cinema francês Olivier Dahan, como trilha para o seu novo filme, My Own Love Song, cujo enredo fala de uma viagem de auto descoberta que acontece no sul da América. Dylan aproveitou a deixa e seguiu compondo mais canções dentro da mesma temática do autoconhecimento e experimentação.

Se comparada aos seus últimos três discos, a sonoridade de Together Through Life é propositalmente simplória, influenciada pelos clássicos do hythm & blues e com o acréscimo de alguns instrumentos inusitados, como bandolim, banjo e trompete. As letras são entoadas por um vocal mais rouco do que de costume, mergulhado em arranjos que nos remetem ao estilo dos seus antigos sucessos dos anos 60 com um ar de nostalgia.

Bob Dylan parece desprender-se das amarras do passado e, aos 68 anos, nem imagina preocupar-se em seguir um estilo que o definiu como um dos mais importantes músicos de todos os tempos. Ele quer mais é cantar músicas descomplicadas, revisitar antigas memórias, dar seus recados e tocar os bons e velhos acordes. Precisa de mais?


(Texto publicado na edição n° 13 da revista SAX)

Lançamento CD David Cook


Vencedor da sétima edição do American Idol, o roqueiro David Cook lança seu primeiro CD no Brasil. O álbum foi lançado em novembro do ano passado nos Estados Unidos e já nos primeiros meses recebeu Disco de Platina pela venda de mais de um milhão de cópias.

(Texto publicado na edição n° 12 da revista SAX)

terça-feira, 17 de março de 2009

Sobre desrespeito e heavy metal

Depois da noite de ontem, já imagino o que os organizadores do show do Iron Maiden em Interlagos pensam dos fãs de heavy metal: um bando de animais. O show tinha de tudo para dar certo. Espaço, promessas de uma apresentação inesquecível, muitos - muitos mesmo, foram mais de 60 mil - fãs da banda e música de qualidade. Infelizmente, disso tudo, apenas o espaço pecou (tirando aqueles fãs otários que sempre existem).

O desrespeito com os pagantes, sim, nós mesmos, foi tremendo. Má organização na entrada, mais ainda dentro do autódromo e na saída do evento; quer dizer, um completo fiasco e dor de cabeça para quem foi com a intenção de se divertir. Do lado de fora, filas quilométricas e má organização, coisa de quase dar a volta em Interlagos. Não negarei que cortei fila, estava fora de cogitação fazer parte daquilo que levaria mais de uma hora só para entrar; além de uma boa caminhada lá dentro.

Era uma maratona - irônico ser em Interlagos. Depois de passar pelos portões, havia uma bela estrada de tijolos amarelos a ser percorrida: um largo corredor, comprido mesmo e estreito (lembre que são mais de 60 mil pessoas), dava acesso a separação entre pista premium e normal, mesmo caminho, logo, maior confusão depois. Aí você pensa: "Ah, tudo bem. Em todo show tem um pouco de fila". Nada disso, mais ainda quando se trata de 60 mil semi-zumbis cansados e cobertos de lama; sim, lama.

Dizem que banhos de lama fazem bem à pele, não percebi isso. Fiquei embarreado até o joelho, sem contar que eu estava me sentindo no manguezal. Choveu cedo naquele dia, mas quem liga? Qual o motivo de não colocar sobre a grama, chovendo ou não, tapumes para a alegria dos pagantes? Afinal, merecemos conforto; aé, falei do respeito também? Patinar, escorregar e atolar na lama era hobby ali dentro.

Ocorreu um atraso, claro, show que é show tem que ter atraso. Não culpo a banda, muito menos a organização por isso. Mentira, a organização novamente fazendo aquilo que sentíamos em baixo de nossos pés - a sensação da lama era equivalente à da mais pura e pegajosa merda. Começa o show. Algo espetacular, uma apresentação memorável. Sem palavras, não há do que reclamar de uma das maiores bandas do mundo. Eles fizeram o que prometeram e todos saíram satisfeitos.

A questão em si não é a apresentação. Após o show teve mais maratona: a saída de mais de 60 mil fãs destruídos por locais de pouco acesso, estreitos mais do que o diabo. Resultado: tumulto, espera, fila, gente pulando grade, grade pulando gente, pessoas passando mal, o mal passando pela cabeça das pessoas e tudo de ruim que existe no mundo. Não dava para sair, o jeito - escolhidos por muitos - foi abrir caminho; destruição das grades e divisórias, construção de novas passagens. Agora me pergunto, e se tivesse dado algum problema maior, como saíriam todas aquelas pessoas? A saída de emergência não funcionaria, como não funcionou. A organização deu sorte de não ter acontecido nada de relevante, perigoso e desastroso.

Lugar sem estrutura não merece receber uma banda de tanto prestígio, muito menos seus fiéis fãs; pagamos - e caro - por um tratamento de um bando de animais. Tudo isso valeu por ser o Iron Maiden em uma apresentação marcante. Que isso sirva de lição para Interlagos e todos os organizadores, agora se virem com a destruição que deixamos devido sua filha da putisse.

(Texto publicado na BIS)